AX84 P1 e gabinete 2×12 para guitarra - parte 2
Ha muito tempo eu não passava um um feriado prolongado desses em casa. Os projetos andaram bastante, e a caixa esta praticamente pronta.
Depois do ultimo post, passei na caixa uma demão de seladora, diluida em Thinner conforme as instruções no rótulo, e comecei a aplicar o verniz, com 12 horas de intervalo entre cada uma das três demãos.
Secando entre demãos de verniz. Acho que essa ai era a ultima.
Neste meio tempo chegou a encomenda com os ultimos componentes necessários para a montagem do P1, e o tecido ortofônico para a caixa, que inclusive é mais bonito do que o que da pra ver pelo site !
Não da pra ver muito bem na foto acima, mas o verniz deixou a madeira bem brilhante, uma cor meio dourada. O tecido, que pelo site achei que era meio preto, é na verdade um marrom, daqueles tipo de vitrola da vovó, com uns fios dourados. Vai ficar com cara de coisa velha. Bacana.
Em uma volta pelo centro comprei uns pezinhos, cantoneiras e alças para a caixa. Mas chegando em casa reparei no erro. As cantoneiras tinham as três pernais igualmente grandes, e para a frente e a traseira da caixa, impediriam a facil colocação/remoção da tampa traseira e do tecido/moldura, que não são colados para possibilitar a manutenção na caixa e nos falantes no futuro.
As cantoneiras precisam ser cortadas para não impedir a colocação do fundo e frente ( moldura/tecido )
Mas nada que serra, furadeira e força não resolvam.
Em alguns minutos ja tinha cortado e furado as 8 cantoneiras.
Ficaram só as duas quinas vivas do ponto onde cortei, que eu deixei para arredondar no esmeril no dia seguinte. Mas deu preguiça de ligar esmeril e fazer sujeira, e acabei tendo uma ideia até melhor, dobrando as duas levemente para dentro, de maneira que elas finquem na madeira, ajudando na fixação e não machucando quem esbarrar na caixa.
O dia seguinte começou com os primeiros esboços do chassi do amplificador. Chassi esse feito a partir de uma forma de bolo !
Estudando o posicionamento dos trafos
O começo é marcar no chassi todos os furos, ja imaginando toda a disposição dos componentes.
Desta vez até arrumei um compasso de verdade
Depois é marcar cada um dos furos ( para isso uso um prego e martelo mesmo, só dando uma batida leve para fazer um “calinho”, pra broca não “correr” quando for começar o furo ), e furar.
E o que era uma forma de bolo…
Pelo fato de estar usando uma forma, eh, um chassi menor que o do projeto no AX84, usando pontes de terminais ao invés das “turret boards” que os gringos usam, e por pura invenção de moda, alterei o posicionamento de alguns dos componentes do projeto original, mas claro que mantendo o mesmo circuito. Pra começar ja montei o transformador de potência do lado errado e tive que furar tudo denovo, mas ta valendo, é o conhecimento adentrando.
… começa a tomar forma de aparelho eletronico. Ou não.
Montados os primeiros switches e jacks voltei para a caixa, que ja tinha dado 12 horas depois da ultima demão ( que passei quase uma da manhã, tonto, depois de voltar de buteco, só pra agilizar o dia seguinte… tem base ? ).
Mascarando para pintura da frente
Li um relato de um sujeito construindo uma caixa para guitarra em que o cara deixou a frente na cor natural, assim como a caixa, mas depois de colocado o tecido ortofonico, escuro, ainda via-se claramente o contorno dos falantes, e o cara acabou pintando a frente de preto depois. Menos uma que eu preciso errar pra aprender.
Com tudo devidamente protegido com exemplares da Folha Universal ( tem uma Universal no meu quarteirão, que distribui toda semana pro bairro inteiro. Eu até gosto, uso pra tudo, menos ler ), pintei a frente e a parte da armação/moldura do tecido que vai ficar virada pra frente.
Com a tinta ja seca ao toque ( essas tintas em spray são bem rápidas ) fui montar os “acessórios”. Coloquei pezinhos em dois lados, pra que ela fique sobre eles tanto deitada quanto em pé. Como arruelas dos parafusos dos pés dentro da caixa usei os pedaços que cortei das cantoneiras.
Dos pés passei para as cantoneiras, e dessas para a instalação dos falantes, usando as tais porcas-garra, conhecidas em fóruns gringos como T-nuts. Custei mas encontrei ( para quem é de BH e região, em uma daquelas lojas ali perto da Mato Grosso com Tupis ) essas porcas nas medidas que eu precisava ( 3/16’ ).
Coloca o falante, marca os furos, fura, instala as porcas, coloca o falante e sai parafusando usando a furadeira como parafusadeira como se fosse a roda do Schumacher no pit-stop da Ferrari. E isso depois de umas 10 horas ralando sem almoçar, naquela penumbra das 18:00 às 19:00, que mesmo com as luzes ja acesas não da pra ver porra nenhuma… O resultado é esse ai…
O falante americano, e que veio la da alemanha, custou os olhos da cara e um pedaço do rim, furado numa escapulida de furadeira, por causa de fome, sede e cansaço, que levam à pressa e a falhas. Tai uma lição que volta e meia eu retomo…
Mas não adianta chorar. Botei ali um pedaço de fita e vamo ve até quando ela segura, ou se atrapalha o som ( vai dar pra comparar os dois falantes ).
Grampeando tecido ortofônico na moldura
Depois de comer meia pizza queimada e descansar uma meia hora o animo voltou e eu voltei a acertar também. Nunca tinha usado um grampeador em madeira antes, e a colocação do tecido na moldura ficou muito boa. Um desvio de decimos de milímetro evidenciado pelas linhas douradas do tecido, mas para uma primeira vez esta ótimo.
Cortando cantoneira para fazer painel
Vou adicionar um pequeno painel à caixa, acessível através da traseira, com três jacks P10 e dois switches. O primeiro switch vai selecionar entre os modos mono e stereo. No modo stereo, os dois primeiros jacks correspondem às entradas de cada alto-falante, de 8 Ohms cada. No modo mono, os dois falantes são ligados simultaneamente, através do terceiro jack, e o segundo switch seleciona entre ligaçao em série ou em paralelo, onde se obtem 16 e 4 Ohms, respectivamente.
Até este momento não havia decidido se o painel ficaria voltado para cima ou para baixo, no fundo da caixa. Resolvi escolher um lado aleatório da tampa traseira e instala-lo. Como o painel só encaixa com facilidade de um dos lados, o que for, será !
Quase 23:00, nenhum sono e muito pra fazer. A caixa praticamente pronta, faltando a fiação e decidir como fixar a moldura/tecido na caixa. Ja o amp…
Nisso se vão mais quatro horas, de solda, corta fio, passa fio, queima a mão…
E a forma de bolo, dos avessos, ja exibe as entranhas elétricas, que se tudo der certo vão fazer muito barulho.
E neste estado está. Longe da organização das montagens da galera do AX84, a macarronada vai se formando. Até estou usando fios blindados em partes críticas, e tendo algum cuidado com posicionamento e aterramento, mas não espero um amp livre de ruido, os famosos Hum e Hiss. Só espero que seja um tanto que de pra conviver.