Bottleneck slide guitar

Por causa de uma pequena cirurgia na mão esquerda, logo depois de eu terminar de construir o amplificador e a caixa de guitarra, eu fiquei duas semanas com o indicador imobilizado, sem conseguir tocar direito. E com os dois brinquedinhos novos isso não foi fácil. E nem difícil. Não foi. Eu toquei assim mesmo. Mas com a dificuldade de tocar com um dedo a menos eu procurei o velho slide que fiz a partir do espigão de um garfo de bicicleta, e fiquei um bom tempo brincando com acordes abertos… Até bater o olho em uma garrafa de vinho encostada do lado da lixeira, no chão da cozinha.

Depois de horas perdido nos resultados de buscas por “bottle neck slide guitar cut” ( os melhores foram os vídeos no youtube, recomendo )…

E aqui vamos nós:

Cortador de vidro tabajara Cortador de vidro tabajara

Em algum lugar da internet eu vi um cara vendendo um esquema que era nada mais que um suporte com umas rodinhas que apoiavam a garrafa, e com uma ponta feita de uma pedra, que riscava a garrafa, marcando para o corte. Improvisei um esquema desse com uns sargentos, uns pedaços de madeira e um cristal que catei no chão na serra do cipó.

Olhando de cima Olhando de cima

A garrafa gira se apoiando nas madeiras, mantendo a posição, e sendo riscada pelo cristal, no lugar onde você quer que ele quebre.

Risco na garrafa Risco na garrafa

Apesar da precariedade, até que funcionou. O risco ficou meio torto, porque ao girar a garrafa ela subia nas madeiras, e as madeiras se deslocavam, e a pedra foi esfarinhando… Mas enfim, aqui não tem QA, então ta bom demais.

Garrafa marcada Garrafa marcada

Depois de marcada, para “cortar” a garrafa o esquema é aplicar uma série de choques térmicos localizados, e a garrafa vai quebrar exatamente no lugar marcado.

Oficina de corte de vidro Oficina de corte de vidro

Parece difícil, e no fim das contas é um pouco. Mas na primeira vez eu fui com muita paciência ( e medo do vidro explodir e voar no meu olho e tal ) e deu muito certo. Girando a garrafa com a marca sobre a vela acesa, até que ela esquenta bem, e então enfiando a garrafa debaixo da água fria. Aquele pano de chão dentro do tanque é porque imaginei que quando soltasse, a parada podia cair e quebrar, e ainda acho que pode acontecer, apesar de não ter rolado nas minhas tentativas.

Primeiro corte Primeiro corte

Depois de uns dois ou três “choques”, um estralo mais forte, deu pra ver as tricas no vidro seguindo a marca, e puxando levemente o gargalo ele saiu, em um corte muito além das minhas expectativas ( o que não iria se repetir ).

Primeiro, e melhor, corte Primeiro, e melhor, corte

Isso é o corte sem nenhum acabamento com lixa nem nada. O curativo no dedo é por causa da cirurgia, e ai eu ja tinha me livrado da faixa que cobria a mão quase toda.

Slide pronto Slide pronto

Para o segundo corte, fiz outra marca com a pedra, e fui no mesmo esquema, vela, água, vela água. Esse demorou muito mais, e a trinca não acompanhou tão bem a marca, e o corte final ficou meio torto, como acho que da pra ver na foto acima. Mas não importa. Com uma lixa ( usei uma de madeira, grão 150 eu acho ) removi todas as quinas cortantes do tubo, deixando bem confortável. O resultado é um slide bottleneck “roots”, made in lencasa !

A propósito, depois desse eu sai catando tudo quanto é garrafa e cortando, claro ! Uma de cerveja ficou com o corte bem certo, mas o vidro é muito fino e ficou muito largo, não serve para slide. Com duas outras garrafas de vinho tentei apressar mais o processo, usando a chama do fogão ao invés da vela. Uma delas, que tinha o vidro bem mais grosso e daria um ótimo slide, apresentou um corte muito irregular e se encheu de trincas, bem visíveis mas não sensíveis. O slide ficou curto e torto, por causa dos cortes fora da marca, mas ficou bom de usar, apesar do medo dele se quebrar, por causa das trincas. Ja a terceira tentativa com a garrafa de vinho, acho que por aquecer uma área muito grande da garrafa com a chama do fogão, o gargalo quebrou totalmente.